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Um sonho resgatado: A luta de “Balita”, pela Educação

Moçambique carrega uma triste realidade: quase metade das mulheres com idades entre 20 e 24 anos já foi casada antes dos 18 anos, segundo dados do IDS (2011). O país ocupa um lugar alarmante entre as nações com as taxas mais elevadas de uniões prematuras no mundo.

Em muitas famílias, a união premaatura é vista como um caminho inevitável, uma promessa de protecção e estabilidade. Mas para “Balita”, uma jovem de 17 anos, essa tradição representa a perda de um sonho que ela ainda se recusa a abandonar. “Balita”, uma menina tímida e sonhadora, vive com os pais e irmãos na pequena comunidade de Nmanica, no distrito de Chiúre, província de Cabo Delgado.

Embora tenha repetido a 7ª classe por falta de acesso ao ensino secundário na vila sede, ela se agarra a uma esperança: a de um dia se tornar enfermeira e ajudar a família e a sua comunidade. Mas na aldeia onde “Balita”vive, as meninas raramente têm a oportunidade de sonhar. As normas sociais são rígidas e o destino parece sempre decidido por outros.

Um dia, ao retornar da escola, “Balita”, foi confrontada com uma notícia que tirou o chão dos seus pés: os pais haviam decidido casá-la com um homem muito mais velho. A tristeza e o medo invadiram o seu coração, mas, em vez de aceitar o seu destino, ela decidiu lutar. Foi então que encontrou coragem para buscar ajuda. Com uma voz trêmula, ela se abriu com Cândida Afane, uma jovem mentora do Programa de “Salvaguarda de Jovens”, implementado pela Fundação Wiwanana no seu distrito em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a População e o financiamento da Embaixada dos Países Baixos em Moçambique.

Com o apoio da mentora, “Balita”, encontrou o conforto e a força que tanto precisava. Cândida ouviu atentamente a sua história e não hesitou em agir. Juntas, foram até a casa da jovem. Cândida conversou com os pais da Ancha, explicando com sensibilidade os perigos e as consequências de uma união prematura. Com paciência, ela mostrou que a verdadeira protecção para a filha não estava num casamento arranjado, mas em permitir que ela continuasse os seus estudos e perseguisse os seus sonhos.

A transformação foi notável. Pela primeira vez, os pais de “Balita” viram a situação com outros olhos. Perceberam que, ao permitir que a sua filha estudasse, estavam a garantir a ela um futuro melhor e mais seguro. O casamento foi cancelado e  “Balita”voltou a frequentar a escola, com o coração leve e a mente cheia de novas esperanças. Hoje,  “Balita”, não apenas continua os seus estudos, mas também inspira outras meninas da sua comunidade.   

Ela é a prova viva de que, mesmo nos cenários mais sombrios, a esperança pode florescer. “Balita”, ainda sonha em ser enfermeira, e agora, com o apoio da sua família, ela tem mais chances de realizar esse sonho. E quem sabe, um dia, poderá olhar para trás e ver que a sua luta não apenas mudou a própria vida, mas também ajudou a transformar a sua família e valorizou o papel da mentora e a eficácia do programa na comunidade. 

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